EQUIPAMENTO ÓPTICO

Este trabalho é uma colectânea dos métodos e das soluções de investigação científica e desenvolvimento tecnológico que levaram ao nascimento, em Portugal, de uma industria de aparelhos de óptica.

Problemas de componentes ópticos para investigação em interferometria e tratamento de imagens levaram os autores ao contacto com a industria Nacional de lentes oftálmicas.
Quando apareceu a necessidade de produzir em Portugal rectroprojectores e projectores de diapositivos existia no L.F.E.N. a capacidade de projectar com base nos resultados já obtidos pela investigação neste domínio.
O meio em que a oportunidade surgiu e se desenvolveu e as condições que trouxeram o seu sucesso dizem respeito a três instituições: o Laboratório de Física e Engenharia Nucleares (L.F.E.N.) e as duas empresas, a Óptica Portuguesa Ldª (OPTIPOR) e a Foc-Escolar.
As condições prevalecentes no L.F.E.N. são, no presente, típicas de uma situação que leva à inovação industrial (ref. 1): existe no L.F.E.N. e em particular na Unidade de Ciências Nucleares uma política de inovação que leva à criatividade industrial uma vez que é acompanhada por outros factores relevantes. De entre estes, foram importantes no caso presente, o estímulo intelectual de outros colegas, o acesso à informação no domínio da óptica, o largo espectro de interesses de investigação, o crescimento tecnológico apreciável e finalmente as facilidades de cálculo da Instituição.
A este ambiente de investigação e desenvolvimento corresponderam nas companhias industriais factores que foram importantes para o bem resultado final. Tanto a OPTIPOR como a FOC-Escolar têm capacidade de execução própria e têm Administrações abertas à inovação. Este facto pressupõe, pelo menos, três requisitos que sempre se verificaram: uma visão do mercado do produto que se vai construir, uma confiança no sucesso final do processo de investigação e desenvolvimento e uma adaptação a situações, quase sempre de tensão, que a criatividade industrial implica.
O contexto para a consecução de uma industria de aparelhagem óptica foi, portanto, o seguinte: uma instituição onde se realiza investigação e desenvolvimento tecnológico - o L.F.E.N. - uma empresa de fabrico de componentes ópticos - a OPTIPOR - e uma outra empresa - a FOC-Escolar - capaz de desenhar e executar o corpo dos aparelhos, de montar a óptica respectiva e de proceder à sua comercialização. Nesta perspectiva coube, pois, ao L.F.E.N. projectar os componentes e os sistemas ópticos, compatibilizar as possibilidades de execução do corpo mecânico com as diferentes peças de óptica e proceder e definir os testes parcelares e finais dos aparelhos.
Para tal, para além, dos métodos de avaliação de sistemas de uma só lente e de sistemas simétricos de projecção desenvolveu-se um conjunto de programas de cálculo automático de sistemas ópticos adaptado às condições de acesso às matérias primas (o vidro) e ao computador PDP-15/30 do L.F.E.N. capaz do cálculo de sistemas com um diagrama e com um número de lentes ou espelhos não excedendo vinte e cinco.
Para reduzir as possibilidades de erro de cálculo a um mínimo e para avaliar da establidade das soluções elaborou-se um programa para o teste em computador de qualquer sistema óptico através do cálculo e visionamento de imagens pontuais dadas pelos sistemas ópticos.
Uma vez calculados e testados em computador os parâmetros dos sistemas ópticos eram enviados às fábricas para execução das componentes (lentes e espaçadores) que depois de montados eram testados por interferometria diferencial. O interferómetro, utilizando um laser de Argon foi calculado e construído no L.F.E.N..
Finalmente, montados os sistemas ópticos no corpo do aparelho este é testado por projecção no que diz respeito às sua qualidades ópticas.
A estrutura de apresentação deste trabalho segue a evolução do projecto de óptica tal como foi desenvolvido: a primeira parte diz respeito ao sistema de iluminação, a segunda, ao cálculo, através de algoritmos, de lentes simples e simétricas de projecção e corresponde a uma forma ao mesmo tempo elaborada e simples de resolução de sistemas deste tipo. A terceira parte trata dos métodos de cálculo automático que se seguiram e se estabeleceram como procedimento futuro de cálculo de sistemas de lentes complexas e de alta qualidade. A quarta parte descreve os métodos de teste estabelecidos durante o projecto e que melhor se adaptam às condições e materiais existentes. Uma conclusão em que se refere o contexto dos aparelhos construídos no conjunto da Óptica Nacional termina a explanação da base científica e tecnológica desta nova indústria. Em apêndice juntam-se os programas de computador que serviram de base ao cálculo dos sistemas ópticos.
Os métodos e resultados que aqui se apresentam são em alguns casos inéditos e são de aplicação universal no domínio da instrumentação óptica. As ideias base e os resultados são, no entanto, na maioria das vezes referidos aos aparelhos de projecção por serem eles o que constitui a imagem presente desta nova industria e serem, neste momento, o primeiro exemplo da influência da investigação e desenvolvimento no domínio da óptica na actividade industrial do País.

Prémio GULBENKIAN 1978 DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA EQUIPAMENTO ÓPTICO F. CARVALHO RODRIGUES


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